domingo, 12 de outubro de 2008

Où sont les fées?

"Maturidade significa saber lidar melhor com a dor." (YAMAGISHI, D., 2007)

Com o tempo, nós aprendemos a lidar melhor com a dor. E não quero que seja subentendida aqui apenas a dor física, como aquela insuportável quando chutamos o pé da cama com o dedinho do pé, ou quando a manicure ultrapassa o limite da cutícula e tira o famoso "bife" dos nossos dedos.


A dor supracitada envolve principalmente a dor que sentimos quando nos decepcionamos.

Quando éramos crianças, convivemos com histórias com finais nada mais que felizes. Em todas, sem exceção, o bem ganhava do mal e o casal protagonista ficava junto e lived happily ever after.
A partir desse momento, passamos a acreditar e ter esperanças de que a vida é fácil e linda; de que tudo vai dar sempre certo e de que o happy ending será democratizado. Com o tempo, vemos que não é bem assim. Não quero passar uma impressão pessimista aqui. Muito pelo contrário, acredito ter uma visão muito otimista sobre o mundo e as pessoas que nele habitam e que eventualmente comigo convivem.

O fato é que o tempo vai nos mostrando que nem sempre podemos contar com a simples sucessão dos fatos e de que o mundo sempre sorrirá para nós. Quando nos deparamos com essa realidade, a decepção surge em nossos sentimentos, como se fosse uma pequena traição. E como o ser humano tem esperanças otimistas muito fortes arraigadas em si, a decepção é inversamente proporcional à sua esperança naquele momento. Nos decepcionamos com tudo: com nós mesmos, com nossos amigos, namorandos, chefes, colegas, familiares, políticos, ídolos, e mesmo com os obstáculos que não conseguimos eventualmente superar.

Mas com o tempo, a decepção vai sendo contornada da mesma maneira como a superação vem , ou seja, de maneira mais rápida. E vamos aprendendo a viver com essas pequenas "traições", de maneira mais calejada, assim como hoje meu dedinho dói menos quando eu chuto o pé da cama quanto doía quando eu tinha 5 anos de idade.

Continuamos a nos decepcionar com as pessoas e os fatos, mas esses sentimentos são mais abrasivos, pois estamos mais acostumados a lidar com eles e aprendemos que não adianta só chorar. O mundo não pára para nós consertarmos nossas vidas.

Muitos dos nossos finais felizes dependem de nós mesmos.
Basta aprendermos a perdoar mais rapidamente ou não criar expectativas muito altas. E isso só depende de cada um e não das nossas fadas madrinhas.




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